segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Coração que bate

Se, quando tivesse passado no vestibular pela primeira vez, tivesse concluído e emendado um curso após o outro, já poderia ter me formado cinco vezes! Razão pela qual as provas de ontem remetem mais à lamentação que à esperança.
Sendo assim, melhor que lamentar é conseguir enxergar, além da importância de um novo passo, a poesia que às vezes passa despercebida em questões de vestibulares como o de ontem:

"A maneira de andar como quem busca estrelas pelo chão.
A cabeça a dar contra os muros.
Em cada olho, o mundo como um punhal - cravado.
O pensamento a abrir estradas numa várzea distante.
Diante do mar, a sede, a sede de beber a vida em infinitas viagens.
As garras de gato ante paredes impostas.
A impaciência de que chegue a manhã e a praia, a tarde e o amor.

O coração que bate ao som de fábulas.
Que bate contra rochedos mortos numa praia de cinza onde palpita o primeiro amor.
Coração eterno."

Afonso Felix de Sousa, em autoretrato