domingo, 25 de setembro de 2011

O rock de ressaca com o fim do R.E.M.

Tem algumas coisas que quando a gente vai dizer, alguém já disse. Não tem problema, ainda mais se esse alguém o fez de forma que seria muito melhor que a sua. O texto de Daniel Setti no blog do Ricardo Setti sobre o fim do R.E.M. é isso.

"31 anos de estrada sem interrupções notáveis; 15 álbuns de estúdio (média de um cada dois anos), quase todos bons ou excelentes; em três décadas, apenas uma mudança de formação em seu núcleo (a saída do baterista Bill Berry em 1997).
Com um currículo destes, de fazer inveja a qualquer grupo de rock – e de outros gêneros também –, o R.E.M. entristeceu seus milhões de fãs na semana passada ao anunciar que encerrará as atividades, de forma plenamente amigável e bem resolvida, segundo seus integrantes.
Uma surpresa, antes de mais nada, levando-se em conta que a banda de Athens, Georgia, seguia com seu prolífico ritmo de trabalho, com enérgicos shows e um disco laçado este ano (o elogiado Collapse into Now); e uma pena, se considerarmos a consistência e a qualidade da obra de Michael Stipe (vocais), Peter Buck (guitarras) e Mike Mills (baixo, piano, vocais).
Influenciado por bandas dos anos 1960 como Byrds e artistas dos 1970, como Patti Smith, o R.E.M. trouxe uma injeção de conteúdo lírico e melódico ao rock norte-americano no começo da década seguinte, um período de transição na música pop, no qual quem não aderia aos sintetizadores tinha que trabalhar dobrado para chamar a atenção nas paradas.
Mesmo assim, conquistando pouco a pouco um público no meio independente, Stipe e companhia foram fomentando uma cena própria – rapidamente batizada como College Rock pela crítica, em referência ao fato de muitos integrantes destas bandas serem universitários ou intelectualóides – e influenciando outros grupos até alcançarem o grande público com os álbuns Green (1988), Out of Time (1991) e Automatic for the People (1992). A explosão do chamado rock independente, liderada pelo Nirvana – banda declaradamente admiradora do R.E.M. – contribuiu em parte para a subida do então quarteto ao mainstream.
Diante do equilíbrio entre as diferentes fases do R.E.M., todas valiosas, é difícil escolher uma única faixa do grupo para encerrar o post. Mas há que se ater a uma, então ficamos com uma clássica amostragem do som do trio – a voz imitadíssima de Stipe, os lindos dedilhados da guitarra de Buck, os backing vocals inconfundíveis de Mills -- em “Driver 8”, do terceiro disco, Fables of the Reconstruction (1985), executada em show em Buenos Aires em 2008."