Enchi as mãos de areia, chamei-lhe ouro, e abri as mãos dela toda, escorrente. A frase fora a única verdade. Com a frase dita estava tudo feito; o mais era a areia que sempre fora.
Se não fosse o sonhar sempre, o viver num perpétuo alheamento, poderia, de bom grado, chamar-me um realista. Mas prefiro não me dar nome, ser o que sou com uma certa obscuridade e ter comigo e a malícia de me não saber prever.
Tenho uma espécie de dever de sonhar sempre."
Fernando Pessoa