segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Vincent Van Gogh - Cartas a Théo

Comecei a ler Cartas a Théo há um bom tempo, quando ganhei o livro de presente. Até hoje li pouco mais da metade e a demora em concluí-lo vem do tom absolutamente melancólico do conteúdo das cartas escritas pelo pintor a seu irmão entre julho de 1873 e 1890, ano de sua morte.

Exceto nas passagens onde o autor descreve seus métodos e a forma como vê e interpreta a paisagem, quando ele se mostra uma pessoa entusiasmada e disposta, o livro segue como no trecho abaixo.

"...Seja na figura, seja na paisagem, eu gostaria de exprimir não algo sentimentalmente melancólico, mas uma profunda dor. Em suma, quero chegar ao ponto em que digam de minha obra: este homem sente profundamente, e este homem sente delicadamente. Apesar da minha suposta grosseria, voce me entende? Ou precisamente por cauda dela.
O que é que eu sou aos olhos da maioria - uma nulidade ou um homem excêntrico ou desagradável -, alguém que não tem uma situação na sociedade ou que não a terá; enfim, pouco menos que nada.
Bom, suponha que seja exatamente assim, então eu gostaria de mostrar por minha obra o que existe no coração de tal excêntrico, de tal nulidade.
Esta é a minha maior ambição, que está menos fundada no rancor que no amor "apesar de tudo", mais fundada num sentimento de serenidade que na paixão. Ainda que frequentemente eu esteja na miséria, há contudo em mim uma harmonia e uma música calma e pura. Na mais pobre casinha, no mais sórdido cantinho, vejo quadros e desenhos. E meu espírito vai nesta direção por um impulso irresistível."


No caso de Van Gogh talvez seja melhor conhecer a tristeza apenas pela pintura.