terça-feira, 2 de março de 2010

Domingo

"Não, não é cansaço...
É uma quantidade de desilusão
Que se me entranha na espécie de pensar,
É um domingo às avessas

Não, cansaço não é...
É eu estar existindo e também o mundo,
Com tudo aquilo que contém, como tudo aquilo que nele se desdobra
E afinal é a mesma coisa variada em cópias iguais.

Não. Cansaço por quê?
É uma sensação abstrata da vida concreta
— Qualquer coisa como um grito por dar,
Qualquer coisa como uma angústia por sofrer, ou por sofrer completamente, ou por sofrer como...
Sim, ou por sofrer como... Isso mesmo, como... Como quê?

Se soubesse, não haveria em mim este falso cansaço."
Fernando Pessoa