Das coisas impossíveis que procuramos em vão,
Dos sonhos que vêm ter conosco ao crepúsculo, à janela,
Dos propósitos que nos acariciam
Nos grandes terraços dos hotéis cosmopolitas
Ao som das músicas e das vozes longe e perto,
E que doem por sabermos que nunca os realizaremos...
Vem,
Mater-Dolorosa das Angústias dos Tímidos,
Turris-Eburnea das Tristezas dos Desprezados,
Mão fresca sobre a testa em febre dos humildes,
Sabor de água sobre os lábios secos dos Cansados.
Vem, lá do fundo, do horizonte lívido,
Vem e arranca-me
Do solo de angústia e de inutilidade onde vicejo."
Fernando Pessoa