Na infância, acho que li praticamente todos os livros que havia em casa, e não eram poucos. Perdia o sono à noite e buscava contos de fadas, atlas geográficos, tratados médicos, cursos de inglês, romances, até a Barsa.
Não me considero um leitor acrítico, que lê e aceita tudo mas é interessante observar a relação entre o período literário e seu reflexo prático, que muitas vezes mostra que, conforme a personalidade de cada um, há estilos mais indicados que outros. No meu caso, talvez devesse ter continuado lendo somente ficção, poesia e livros de arte.
Enquanto estava na faculdade e lia biografias de CEO's como Jack Welch (Jack Definitivo) e Lou Gerstner (Quem Disse que os Elefantes Não Dançam?), por exemplo, me contentava em progredir e obter algum sucesso na vida corporativa. Mesmo O Monge e o Executivo contribuiu com essa linha de pensamento.
O primeiro sinal da mudança de paradigma foi a troca da assinatura da Você S.A pela da Exame. Mas foi com a leitura de Pai Rico Pai Pobre que achei poderia mais, que poderia sonhar mais alto e chegar mais próximo, não do meu estilo pessoal, mas do modo de vida que gostaria de ter. E afinal de contas não é isso que nos dizem, pra acreditar no que se quer? Fui em frente.
Efeito semelhante teve Qual é a Tua Obra?, de Mario Sergio Cortella, que questionava o legado que cada um pretende deixar. Em função disso então vieram posteriormente O Segredo de Luiza, Publicidade na Internet, e Marketing de Varejo. Todos jogando sementes em terra árida.
Tivesse lido somente livros de culinária, ao invés de empreendedorismo, os efeitos teriam sido bem melhores e os prejuízos resumidos a contas mais caras no supermercado.
Pausa.
Reaparecem livros como a biografia de Eric Clapton; o filosófico Aprendendo a Viver, de Sêneca; os divertidos Veríssimo; as dicas de 1001 Discos Para se Ouvir Antes de Morrer; e mais recentemente Cartas a Théo, de Van Gogh.
Temas como a música, a filosofia, a arte... esses sim eu recomendo, seus efeitos colaterais limitam-se à caverna.